Desvendando a contradição: Fora de Série X Pontos Fortes (Parte II)

Esse texto é uma continuação da videoaula Fora de Série x Pontos Fortes. Para ler o artigo anterior, clique aqui.

Como a gente pode usar as ideias dos autores Malcolm Gladwell (Fora de Série) e Marcus Buckingham (Descubra Seus Pontos Fortes) na prática do nosso dia a dia? Eu separei algumas ideias que tem muito a ver com a aprendizagem.

Confira assistindo ao vídeo abaixo:

Uma coisa que a gente precisa ter cuidado é que o livro Fora de Série criou um mito que não é muito positivo quando a gente está tratando de aprendizagem: o mito das 10 mil horas de prática. Isso significa que, para você se tornar excelente em uma coisa, é preciso que invista 10 mil horas de prática deliberada em uma determinada área ou habilidade.

Esse é o ponto em que você consegue, mais ou menos, identificar que algumas pessoas se tornam diferenciadas em relação a outras: quando uma pessoa tem realmente uma performance “no topo” ou, como diz o nome do livro, é uma pessoa “fora de série”.

No entanto, isso pode gerar certa frustração porque as pessoas se dispõem a fazer algo no qual elas têm interesse e esbarram na ideia de que precisam de 10 mil horas para ser muito boas naquilo… Na verdade, você só precisa dessa quantidade de horas para se tornar uma pessoa FORA DE SÉRIE, mas antes disso você pode ter contribuído muito com a sociedade ou pode ter se divertido muito com aquilo que você está tentando se tornar bom.

Um exemplo disso é uma pessoa deseja tocar um instrumento musical (exemplo clássico do Fora de Série): ela precisa muitas horas de prática para se tornar uma pessoa realmente diferenciada, mas antes disso ela já tocou muita música e, certamente, já se divertiu bastante. Ou seja, tem muitas coisas bacanas acontecendo antes desse tempo e você não precisa chegar às 10 mil horas – que seria o topo – para começar a aproveitar sua aprendizagem.

É claro que isso também não quer dizer que, quando chegar nas 10 mil horas, você vai “estacionar” e não vai fazer mais nada. Não é bem assim… A aprendizagem é um processo: você tem que continuar praticando sempre. Só que agora você vai curtir a aprendizagem e cada nova super habilidade que você adquirir.

Tudo isso vai te motivando e te levando a construir essas 10 mil horas de prática. Essa motivação é importante porque, se você achar que a vida só acontece depois das 10 mil horas, você acabará indo para um caminho de frustração. Você vai perder sua motivação e, provavelmente, nunca vai atingir esse tempo.

O mais importante em tudo isso é conseguir enxergar o que tem de útil nessa informação (e não são as 10 mil horas): a prática deliberada, da forma como ela é construída (pegando os pontos fracos com um feedback e intensidade), é o que vai levar ao bom desempenho.

Essa informação é muito mais útil para quem está aprendendo alguma coisa e deseja se tornar bom em alguma área do que simplesmente determinar um número de horas. A ideia é que você esteja sempre melhorando. Acrescente mais prática deliberada para ter um bom desempenho de forma mais rápida.

Obs.: Para saber mais sobre esse assunto, clique nos links a seguir.

Tendências naturais: Imutáveis ou não?

Outra coisa que me causa uma sensação desagradável é a ideia do Marcus Buckingham de que as tendências são imutáveis. Isso pode induzir uma pessoa a achar que ela tem certo destino, principalmente se ela mantiver aquela confusão entre tendência psicológica e talento específico.

Por quê? O que vai acontecer? Uma coisa é você ter algumas tendências psicológicas que você pode usar a seu favor, mas outra coisa é você entender que, de repente, um suposto talento ou – pior ainda – a falta de um talento será o seu destino final e você nunca terá aquilo que você queria.

O que fazer em relação a essas tendências?

Dentro daquilo que você quer realizar, você tem que selecionar as atividades e abordagens que estejam em sintonia com os seus pontos fortes e usar aquilo que você tem de melhor para chegar a um bom resultado. Outra maneira de usar os seus pontos fortes é direcionar os seus esforços para uma determinada área de atuação mais específica.

Por exemplo:

  • Um médico que tem uma forte empatia com os outros poderá trabalhar com uma medicina mais genérica: atendimento como clínico geral.
  • Um médico que tem como ponto forte criar diagnósticos complexos e tem muitas ideias para identificá-los, pode trabalhar como especialista (direcionando suas habilidades/pontos fortes em áreas que exigem mais daqueles pontos fortes).

Mas cuidado para não pensar coisas do tipo: “como eu não sou tão empático assim, eu não posso trabalhar com clínico geral” o “como eu não sou tão estudioso assim eu não posso me tornar um bom especialista”… A ideia é você não “sentar em cima” de uma coisa que você acha que não tem como ponto forte e usar isso como justificativa para não desenvolver uma habilidade que você gostaria de ter. Ache a abordagem correta e encontre uma área de atuação que tenha mais a ver com o seu conjunto de pontos fortes.

Estudar para concursos

Estudar para passar em concursos é um ótimo exemplo, principalmente porque muitas pessoas vêm para o Mais Aprendizagem como esse intuito. Para aprender mais rápido e por conta própria, você dispõe de algumas técnicas que funcionam melhor do que outras. Então, para melhorar a habilidade de estudar para concursos (que é fundamental), é necessário aprender e aplicar essas técnicas (de preferência, em prática deliberada). Você vai fazer tudo para melhorar aprendizagem sem entrar naquela ideia de que você “não leva jeito” para isso.

Como tratar seus pontos fortes? Suponha que você tem como ponto forte a competição. Você pode focar os seus estudos em simulados e comparar o seu desempenho com seus colegas ou candidatos que já foram aprovados no concurso que você quer fazer. Com isso, você vai se motivando por meio da sua vontade competitiva.

O mesmo acontece com pessoas que tem como ponto forte a excelência. Para melhorar sua aprendizagem, você pode estudar com as melhores apostilas, as melhores técnicas de anotações (e eu sugiro que você faça Mapas Mentais) e usar um sistema de revisão rigorosamente comprovado para trazer mais excelência ao seu desempenho nos estudos.

Um terceiro exemplo é referente a uma pessoa que tem como ponto forte a comunicação. Você pode usar a sua vontade de se comunicar para fortalecer e aprimorar as suas habilidades para passar em concursos. Com isso, você pode participar de fóruns na internet, reunir grupos de estudos, publicar fotos nas redes sociais sobre o que você está estudando ou até mesmo ensinar o que você já sabe para outra pessoa.

Lembrando que, de acordo com o livro Descubra Seus Pontos Fortes, existem 34 possibilidades de pontos fortes e, nos exemplos acima, eu mostrei quais estratégias você pode usar para chegar ao objetivo de passar em um concurso público em três desses pontos.

Não esqueça de deixar um comentário abaixo apontando o que essa videoaula trouxe de novo para a sua percepção sobre a aprendizagem! 🙂

4 Comentários


  1. Ana Lopes teria como adicionar idioma no freeplane?
    No meu caso seria o português, na instalação não tinha a opção referente.

    Responder

    1. Oi, Alencar, segundo o tutorial da versão atual, vc deve ir em “Tools > Add-ons > Search add-ons > Visit add-on page” e instalar o addon da língua que vc quer. Faz um tempinho que não mexo com ele, e não tenho instalado na minha máquina, então não pude conferir se tinha pacote para português.
      Abraço,
      Ana

      Responder

  2. Ótima analise!!!

    A prática na medida e de maneira correta, faz milagres.

    Aguardando o 3º video…

    Responder

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